Sónia Cristina Gomes Lopes
Enfermeira Coordenadora da Santa Casa da Misericórdia de Ponte da Barca
Especialista em Enfermagem de Reabilitação e em Enfermagem de Saúde Comunitária

A diabetes mellitus é uma doença crónica que se caracteriza pelo aumento dos níveis de açúcar (glicose) no sangue e pela incapacidade do organismo em transformar toda a glicose proveniente dos alimentos (défice de insulina: quer na produção quer na ação).

Trata-se de uma situação muito frequente na nossa sociedade e a sua frequência aumenta muito com a idade, atingindo ambos os sexos, com repercussões diretas e indiretas para o indivíduo, família e comunidade.

De acordo com o Observatório Nacional da Diabetes (2014:54):
“Em 2013 estima-se a existência de 382 milhões de pessoas com diabetes
Em 2035 este valor subirá para 592 milhões.
O número de pessoas com Diabetes tipo 2 está a aumentar em todos os países.
A maior parcela de pessoas com diabetes tem idades compreendidas entre os 40 e os 59 anos.
Existem 175 de milhões de pessoas com diabetes que desconhecem que possuem a doença.
A diabetes provocou 5,1 milhões de mortes em 2013. A cada seis segundos morre uma pessoa por diabetes.
Mais de 79 mil crianças e jovens desenvolveram diabetes tipo 1 em 2013.
Mais de 21 milhões de nascimentos foram afetados, durante o período de gravidez, por hiperglicemia materna (84% por diabetes gestacional e 16% por diabetes prévia à gravidez).”

Diversos fatores poderão estar na base da diabetes entre os quais a idade, fatores genéticos, obesidade, sedentarismo, hipertensão arterial, colesterol e triglicéridos elevados. Importa mudar estilos de vida, praticar regularmente exercício físico, optar por uma alimentação equilibrada e variada e, estar atento a sinais e sintomas de alarme.

Se urinar em grande quantidade e muitas mais vezes, especialmente durante a noite (poliúria), se tiver uma sede constante e intensa (polidipsia), se sentir uma fome constante e difícil de saciar (polifagia), se sentir fadiga persistente, comichão (prurido) no corpo, designadamente nos órgãos genitais, visão turva e perda de peso deverá procurar um médico para que faça a avaliação da situação clinica em que se encontra.

Após a confirmação do diagnóstico o cumprimento das indicações da equipa de saúde e a prevenção de complicações são prioritários.

Entre as complicações mais frequentes da diabetes destaca-se:
– Hipoglicemia (descida dos níveis de açúcar) Sinais de aviso: tremores, palidez, suores, palpitações, confusão, irritabilidade, sensação de calor ou frio, confusão mental grave, inconsciência;
– Hiperglicemia: aumento dos níveis de açúcar;
– Disfunção e falência de vários órgãos;
– Retinopatia diabética (cegueira);
– HTA;
– Nefropatia que pode conduzir insuficiência renal,
– Neuropatia com risco de ulcerações nos pés,
– Amputações,
– Disfunção e impotência sexual ,
– Problemas na circulação sanguínea, por exemplo nas pernas e nos pés,
– Doenças cardiovasculares angina de peito, ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais;
– Maior risco de infeções variadas (boca e gengivas, infeções urinárias, infeções das cicatrizes depois das cirurgias)
– Coma
– Na ausência de tratamento adequado, à morte.

Nesta medida recomenda-se ao utente diabético que faça uma vigilância regular de saúde (consultas da diabetes, autovigilância da diabetes), a adoção de estilos de vida saudáveis, que cumpra o regime terapêutico (Alimentação saudável, exercício regular, medicação), que esteja atento às eventuais complicações e, cuidados com os pés.

As lesões nos pés das pessoas com diabetes constituem uma das causas mais frequentes de descompensação da diabetes e o principal motivo de internamento hospitalar.São a principal causa de amputação não traumática dos membros inferiores, sendo o risco de amputação 15 vezes maior do que em pessoas não diabéticas. Isto acontece porque como a DM acarreta compromisso nervoso e vascular deixam de ser tão sensíveis à dor, ficam com dormência e também mais suscetíveis a infeções.
É fundamental identificar o pé em risco, promovendo a educação e o envolvimento do próprio doente e seus familiares, bem como de uma vigilância periódica por profissionais de saúde.
O doente diabético pode facilmente lesionar o pé ou até devido a pressão do calçado. É importante que o utente Vigie os pés e Estar atento a sinais de alerta como: descoloração ou vermelhidão, cheiro desagradável nos pés, pés e pernas muito frios, dor nas pernas, seja em descanso ou em movimento, tendência para ter ferimentos de pressão e calos nos calcanhares e plantas dos pés, pele seca, perda de sensibilidade, sensação de formigueiro ou dormência.
Deve-se evitar sacos de água quente pelo risco de queimaduras, evitar andar descalço, usar sapatos apropriados (sapatos apertados podem provocar lesões), antes de calçar os sapatos, verificar com a mão o seu interior e certificar-se de que não existem pequenas pedras ou outros objetos que possam magoar os pés, usar meias, dentro ou fora de casa, mudar diariamente as meias, bem como utilizar as meias com as costuras para fora ou, de preferência, sem qualquer costura. Deve também ter cuidados de higiene diários, secar bem os pés, ter atenção ao espaço entre os dedos, cortar as unhas dos pés com regularidade, usando uma tesoura com ponta redonda e com o cuidado adicional de não serem cortadas demasiado curtas. É preferível limar as unhas dos pés usando uma lima de cartão. No caso de redução da visão (acuidade) visual, não deve ser o próprio doente
a tratar os pés. Deve usar loção hidratante nos pés, mas não entre os dedos. As calosidades deverão ser cortadas apenas pelos prestadores de cuidados de saúde.

No Hospital Social da Santa Casa da Misericórdia de Ponte da Barca temos a Consulta do Pé Diabético (consulta clinica e de enfermagem dirigidos aos utentes com pé diabético): pretendemos cuidar dos seus pés pela sua saúde e bem-estar.

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