Qualquer estudo ou reflexão (por mais pequena que pareça) na área das pessoas idosas constitui uma oportunidade de reflexão sobre a qualidade dos cuidados dedicados a este grupo etário.
Sabe-se que cerca de um quinto da população portuguesa tem idade igual ou superior a 65 anos, e prevê-se que este grupo populacional cresça muito mais, o que obriga inevitavelmente a uma reflexão e à adoção de novos paradigmas de avaliação, intervenção e melhoria nos cuidados assistenciais.
Nos últimos tempos têm sido estabelecidas regras no sentido de melhorar arquitetonicamente e logisticamente os “lares”. Assistiu-se, também, ao encerramento de muitas instalações por falta de condições mínimas de segurança, salubridade e de outras condições físicas. Ao mesmo tempo, assistimos à publicação de legislação promotora de instituições de cuidados continuados (recentemente algumas dirigidas para os doentes mentais)- curiosamente os cidadãos com quadros demenciais encontram-se sós e sem proteção, dado o vazio na referência dos mesmos como possíveis usufrutuários destes serviços.
Enquanto que em outros países existe legislação específica, no nosso país não existe qualquer referência relativa aos profissionais e respetivos rácios (por exemplo médicos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais…) que qualquer destas instituições (por exemplo lares e cuidados continuados) deveria possuir para ser desenvolvido um trabalho de qualidade. Nem sequer é exigido que possuam um registo da informação clínica e de cuidados, muito menos qualquer diferenciação formativa dirigida ao cuidar de pessoas idosas com demência – como se tratar um idoso e um idoso com demência fosse a mesma coisa!!!
Segundo Barreto “… dos cerca de milhão e meio de idosos que fazem parte da nossa população, mais de 70000 são afetados por um processo demencial, na sua maior parte: a doença de Alzheimer ou um quadro afim.” e assistimos frequentemente à entrega, dedicação e carinho dos profissionais que trabalham nestas estruturas, mas temos de exigir mais. Temos de aumentar o conhecimento das especificidades desta população, a necessidade do conhecimento do doente no seu todo, sem o reducionismo do diagnóstico (quando existe!) e intervenção terapêutica. Sobretudo, dar voz à inquietude no reconhecimento da necessidade de avançar – refletindo, refletindo – estudando, estudando- investigando e pondo “mãos à obra”, desenvolvendo um trabalho sério e responsável.
A Santa Casa da Misericórdia de Ponte da Barca, através do seu mais recente conceito -Hospital Social, da equipa multidisciplinar que possui, dos longos anos de conhecimento das necessidades da população barquense, e experiência no Cuidar (nomeadamente idosos com demência) desenvolveu um Projeto – “VIVAmente”- de Intervenção na Demência.
Este, subdividido em dois eixos: 1.º-idosos institucionalizados (de todas as IPSS do Concelho), porque é consensual, pelas pessoas e entidades que trabalham com a terceira idade, a necessidade de criar respostas adequadas às necessidades dos seus clientes, e 2.º Cuidadores informais (de todo o Concelho). Neste segundo ponto, especialmente importante -mas difícil!-, prevê-se possibilitar a informação, preparação, treino, apoio e suporte do cuidador, para ajudar no ato nobre que é cuidar de alguém dependente!
Queremos continuar a cumprir a nossa Missão, – Sempre com o Coração aberto à comunidade…- intervindo, fazendo a diferença, em parceria com todos aqueles que acreditam que todos os contributos são importantes para um concelho com idosos felizes e, acima de tudo, bem cuidados.
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