A Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Ponte da Barca é uma Associação Pia de Beneficência e Assistência, com o objetivo de satisfazer as carências sociais e praticar atos de culto católico.

Surgiu no séc. XVI, na sequência de uma iniciativa de D. Leonor, rainha viúva de D. João II e irmão do rei D. Manuel I: lançar uma “obra de gente boa e cristã, para atender todas as necessidades dos mais pobres, em verdadeiro espírito de caridade evangélica, com o apoio do rei e no quadro da igreja”.

A primeira a ser substituída foi a de Lisboa, em 15 de Agosto de 1498. Quanto à Misericórdia de Ponte da Barca, não se sabe ao certo a data da sua fundação. Diz a tradição que ela remonta aos princípios do séc. XVI, provavelmente a 1534. Mas a verdade é que não há o documento fundacional.

De acordo com o Cónego Professor Avelino de Jesus da Costa, ilustre catedrático da Universidade de Coimbra, o documento mais antigo passado em nome da Misericórdia “ é uma procuração de 7 de Janeiro de 1584, em que António de Magalhãis de Meneses, quinto senhor da Terra da Nóbrega, assina como Provedor”.

Por esta época terá sido também construída a primitiva Igreja da Misericórdia. É seguro que, em 1627, Constantino de Magalhães Menezes e esposa D. Isabel Manuel de Aragão, mandaram reconstruir e ampliar a capela-mor, doando-a à Irmandade.

Desde então sofreu diversas vezes obras de restauro e ampliação. A frontaria atual foi construída em 1822 e a tribuna com o altar-mor data de 1830. O interior da igreja foi quase todo modificado de 1822 a 1844.

A construção, em 1860-1861, da estrada nacional 101 “ obrigou a demolir o torreão, escadas do coro, casas do servo e capela do Santíssimo, que se encontravam do lado Sul. A Mesa da Misericórdia resolveu, por isso, em 1861, construir casa para o servo por trás da capela-mor, a cornija nova da igreja do lado da estrada e colocar o torreão onde atualmente se encontra “.

Foi um centro de piedade, sobretudo durante a semana santa. Atualmente, o capelão da Irmandade e pároco de Ponte da Barca celebra aí a Eucaristia todos os domingos e, sempre que a Matriz não está disponível, a Igreja da Misericórdia continua a ser o templo alternativo para os atos de culto.

O exercício de todas as obras de misericórdia corporais e espirituais constitui, desde a primeira hora, a vocação destas Irmandades. O seu trabalho, no campo social, diversifica-se por ações de assistência à 3.ª Idade, à Infância e à Juventude.

Dando continuidade a uma tradição de assistência aos habitantes da terra a aos viajantes, sobretudo peregrinos de Santiago de Compostela, a Misericórdia fundou o Hospital “a 10 de Setembro de 1748, como consta da respetiva escritura, lavrada no Cartório do 1º ofício desta comarca”.

Começou de uma forma muito humilde, apenas com duas camas, e viveu momentos difíceis. Nos finais do séc. XIX, registou-se, entretanto, um salto qualitativo. O Provedor de então, Padre José do Barral, “propôs, na reunião da Mesa de 7 de Março de 1891, que, naquele ano, se não fizesse a Procissão dos Paços, por o dinheiro a gastar nela ser preciso para fazer ‘a nova casa para o hospital, em razão do velho hospital não estar em condições de poder funcionar‘ ”.

O projeto foi escolhido em 13 de Abril de 1897 e as obras prolongaram-se por vários anos. Com a ajuda de grandes beneméritos, o novo hospital acabou por ser inaugurado em Janeiro de 1911, admitindo doentes nas enfermarias do lado Norte. No entanto, o edifício só ficou concluído em 1928.

Dirigido durante muitos anos pelas Irmãs Franciscanas, constitui um marco importante, no historial do seu crescimento, a instalação, em 1952, de um serviço operatório de alta cirurgia. Na década de sessenta, o hospital sofreu uma profunda remodelação e, desde 1972, passou a funcionar nas suas instalações o Centro de Saúde.

Com a inauguração, em 1995, do novo Centro de Saúde, o Hospital da Misericórdia foi desativado, dando-se início a obras de profunda remodelação do imóvel.

Os trabalhos concluíram-se três anos mais tarde. O renovado Hospital da Misericórdia reabriu então as suas portas à comunidade com um projeto muito ambicioso. Das suas valências fazem parte uma unidade de internamento hospitalar (com capacidade para 10 utentes), um lar de acamados (preparado para acolher 25 utentes), e ainda um conjunto diversificado de consultórios médicos de várias especialidades: Clínica Geral, Cirurgia geral, Ginecologia e Obstetrícia, Medicina no Trabalho, Nefrologia, Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Pediatria. Uma Clínica Laboratorial e Hemodiálise completam o leque de ofertas disponibilizado pelo novo hospital.
Atualmente esta resposta social tem sediada nas suas instalações duas valências: uma Estrutura Residencial para Idosos (ERPI) e a Unidade de Cuidados Continuados (Unidade de Longa Duração e Manutenção e Unidade de Média Duração e Reabilitação).

O Lar de Acamados funcionava em ligação com o Lar de Idosos Condes da Folgosa. Trata-se de um equipamento fundado em 1922, por testamento de António Sousa e Sá, Conde da Folgosa. Este benemérito legou à Santa Casa da Misericórdia, para a fundação de um Asilo para inválidos de ambos os sexos, bens valiosos que possuía em Lisboa, cem títulos de cinco obrigações cada um do empréstimo brasileiro chamado Porto-Rio, e ainda as suas casas e quintais da então rua de Santo António, em Ponte da Barca.

“Como as obras eram demoradas, o Asilo abriu provisoriamente com cinco inválidos, a 14 de Janeiro de 1926, na casa cedida gratuitamente por D. Joaquina de Sousa e Costa”5. A inauguração oficial só viria a acontecer em 27 de Abril de 1952.

Nos finais da década de setenta, o imóvel sofreu obras de remodelação e ampliação, inauguradas em Novembro de 1981. Nessa altura, era provedor da instituição o Comendador José Carneiro Bouças. À dinâmica das suas direções muito se deve o crescimento que a Santa Casa tem conhecido nas últimas décadas.

Presentemente, o Lar Condes da Folgosa, sediado na rua com o mesmo nome, tem capacidade para 80 idosos, alguns deles sem retaguarda familiar nem condições dignas para permanecerem no seu meio.

Para os idosos que continuam a residir nas suas casas a Misericórdia mantém em serviço, desde 1991, o SAD (Serviço de Apoio Domiciliário), a quem são distribuídas refeições e é garantido o tratamento da roupa e, caso o solicitem, a própria higiene pessoal e habitacional. Mais importante do que tudo isto é, no entanto, o convívio estabelecido e a relação afetiva construída entre os idosos e os técnicos de apoio. A solidão torna-se menos penosa e a vivência mais humanizada.

No que diz respeito aos mais novos, a Santa Casa da Misericórdia começou a dar apoio à Infância em 1976.

Sete anos mais tarde, foi inaugurado o Jardim-de-infância e Creche “José C. Bouças”. O edifício tem 7 salas e acolhe com idades compreendidas entre os três meses e os seis anos.

Posteriormente, a área de intervenção da Misericórdia de Ponte da Barca alargou-se à Prevenção Primária das Toxicodependências e à dinamização de Grupos de Auto-Ajuda. Trata-se de mais um passo decisivo resultante da atenção e preocupação constantes que a Instituição mantém para com as novas realidades emergentes da sociedade em que vivemos.

No âmbito do Programa Prevenir, o Projeto “ Vive Connosco “, entrou em funcionamento de um Centro Juvenil, dinamizando programas de estudo acompanhado e múltiplas actividades de ocupação sadia dos tempos livres. Com o término deste projeto a instituição resolveu rentabilizar os espaços que a ele foram confinados e criaram uma nova resposta social, o Centro de Atividades de Tempos Livres ( CATL). Esta resposta social começou por dar os primeiros passos em 2001 e, atualmente, continua a desempenhar um papel de importante relevância na comunidade barquense.

A violência e maus-tratos de que algumas crianças são vítimas constitui outro motivo de preocupação. O contributo da Santa Casa da Misericórdia na abordagem a este grave problema traduz-se na participação de dois seus representantes na Comissão de Proteção de Crianças e Jovens.

O Gabinete de Comunicação e Animação Sociocultural (GCAS) foi criado em 2007, num contexto de crescimento da Santa Casa da Misericórdia de Ponte da Barca, com os objetivos de melhorar a comunicação interna e externa da instituição e desenvolver um conjunto de atividades de índole sociocultural que aproximassem a Misericórdia à população do concelho, com vista a poder aumentar a sua notoriedade e ver melhorados os índices de confiança e credibilidade junto da população. Tendo em conta os objetivos estratégicos da atual Mesa Administrativa, considerou-se pertinente integrar uma nova componente muito importante, a área do Património. Desta forma, o Gabinete passa a ter uma nova denominação, nomeadamente, Gabinete do Património, Cultura e Comunicação (GPCC).

A Santa Casa da Misericórdia de Ponte da Barca continua a desempenhar um papel preponderante no seio da comunidade barquense.