A Unidade de Cuidados na Comunidade de Ponte da Barca e a Santa Casa da Misericórdia de Ponte da Barca apresentaram no dia 22 de fevereiro de 2016, no Plenário do Conselho Local de Ação Social (CLAS) da Rede Social de Ponte da Barca, no Salão Nobre da Câmara Municipal, o Plano de Investigação-Ação nas Pessoas com Demência e Prestadores Formais e Informais de Cuidados no concelho de Ponte da Barca, cuja vertente de investigação conta com a colaboração do Grupo de Investigação em Saúde Familiar e Doença coordenado pela Professora Maria da Graça Pereira (Professora Associada e Investigadora do Centro de Investigação em Psicologia, da Universidade do Minho).

Na sequência da iniciativa de contacto da Santa Casa da Misericórdia de Ponte da Barca com a Unidade de Cuidados na Comunidade de Ponte da Barca, têm sido realizadas reuniões periódicas para reflexão e partilha de ideias na área das Demências. O grupo constituído e representante destas duas instituições considerou pertinente a realização de um Plano de Ação-Investigação e de o mesmo ser apresentado em sede de CLAS, isto após vários contactos que o grupo efetuou, nomeadamente com a Câmara Municipal de Ponte da Barca e as várias Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) de Ponte da Barca, que prestam serviços a idosos no concelho.

A Dra. Laura Brito, representante da Santa Casa da Misericórdia de Ponte da Barca, juntamente com a Enf. Clara Ferreira da Unidade de Cuidados na Comunidade de Ponte da Barca apresentaram o Plano Investigação-Ação que será desenvolvido em duas etapas. A primeira etapa visa elaborar o diagnóstico de situação com metodologias de investigação, tendo como grupo alvo os utentes com demência e cuidadores formais e informais. Nesta fase, a participação das IPSS do concelho assume grande importância, tendo estas demonstrado total abertura para integrar o estudo. Na segunda etapa, relacionada com a intervenção e alicerçada nos resultados do diagnóstico de situação e resultado da investigação realizada, construir-se-á um Plano de Ação, dirigido aos familiares cuidadores informais e aos prestadores de cuidados formais para prevenir ou diminuir a sobrecarga associada à prestação de cuidados no sentido de melhorar a sua qualidade de vida.

Este Plano procura responder a um problema de saúde e social identificado no Diagnóstico Social 2013 do concelho de Ponte da Barca. Também, corroborando com Evangelista (2013), como consequência de uma sociedade envelhecida, as demências constituem um dos principais problemas de saúde pública deste século, não só pela sua dimensão mas, sobretudo, pela forma como afetam a pessoa doente e aqueles que cuidam, uma enorme sobrecarga do ponto de vista físico, emocional, social e financeiro.

Desde há muito que a concentração no hospital da prestação de cuidados, que não carecem de diferenciação, tem dado mostras da sua ineficácia, levando à sobrelotação e pondo, inclusivamente, em risco a sustentabilidade financeira do serviço hospitalar. Nesta perspetiva, a procura de respostas mais

humanizadas e com custos financeiros aceitáveis tem estimulado, internacionalmente, a procura de alternativas à hospitalização tradicional (MS, 1998, p. 77).

Recentemente, a Direção-Geral da Saúde lançou a publicação “Portugal, Saúde Mental em Números, 2013”, onde considera como pertinente a criação de um Plano Nacional na área das Demências. Nesta publicação, no que toca ao levantamento dos dados sobre o que se passa nas estruturas públicas de saúde, referem apenas 0,29% de pessoas com registo de Demência entre o número de utentes inscritos em Cuidados de Saúde Primários, por Administração Regional de Saúde e 0,48% entre o número de utilizadores. Estas percentagens são bem demonstrativas da necessidade de dados epidemiológicos deste problema de saúde e social.

É necessário ter em atenção que, presentemente, não existe cura desta doença, mas sim a promoção do alívio dos défices cognitivos e alterações comportamentais, bem como melhoria da qualidade de vida dos indivíduos e dos cuidadores (Bottino, et al., 2002).

Torna-se cada vez mais urgente, a criação de planos de promoção de contextos que garantam a saúde física, psicológica e social dos idosos portadores de Demência, assim como dos seus cuidadores, quer formais, quer informais. Assim, é necessário investir na sua assistência, para poder intervir no sentido de aumentar a sua qualidade de vida. Deste modo, a constituição de grupos de apoio e a criação de programas de intervenção tanto nos familiares como nos cuidadores formais constituem um recurso precioso para apoiar o cuidador, a saber como lidar eficazmente com o doente.

No final da apresentação, que teve por base estes pressupostos, os presentes demonstraram interesse e o sentido de compromisso para com esta área de intervenção. Para isso, será fundamental maximizar sinergias, tais como partilha de recursos, complementaridade de competências e ações conjuntas, tendo como colaboradores os parceiros interessados, destacando-se a Câmara Municipal, as IPSS e as Juntas de Freguesias, do concelho de Ponte da Barca.

Santa Casa da Misericórdia de Ponte da Barca

Unidade de Cuidados na Comunidade de Ponte da Barca

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